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sábado, 19 de maio de 2012

Na universidade há liberdade de pensamento, diz matemático


  Livre-docente aos 32 anos conta um pouco de sua carreira. Confira os conselhos do pesquisador para quem pretende ingressar na área.
  Com apenas 30 anos, Daniel Victor Tausk já era livre-docente e professor do Instituto de Matemática e Estatística da Universidade de São Paulo (IME – USP). Mas ele não se gaba da ascensão vertical de sua carreira acadêmica: “Nem acho que foi tão rápido”, diz com modéstia.
   Tausk obteve medalha de ouro e de bronze da Olimpíada Brasileira de Matemática quando estava no colégio e, por seu talento na disciplina conseguiu também a medalha de bronze da Olimpíada Internacional de Matemática em Moscou, em 1992.


   Hoje, o pesquisador de 32 anos vive a matemática em seu dia-a-dia. Para ele, a carreira acadêmica oferece “liberdade de pesquisa, de pensamento, de horário”. Confira a entrevista: G1 – Como foi a escolha pela matemática?

Tausk –
Gostava de matemática desde criança. Meus pais fizeram física e eu acabei estudando livros de graduação de matemática desde muito jovem. Cheguei a pensar em computação, mas nunca pensei em nada muito longe disso. Existe uma pressão para que as pessoas não façam matemática e sigam para engenharia. Tem gente que diz: ‘Você é tão inteligente, por que vai fazer matemática?’. Mas é justamente por ser inteligente que a pessoa vai fazer matemática [risos]. G1 – Como foi a entrada no curso?

Tausk –
Quando eu entrei na faculdade, em 1993, havia um ciclo básico. Então não tive de escolher a graduação imediatamente. Aí, aqui na faculdade a minha vida ficou fácil. Na escola tinha muita coisa que eu não gostava. Hoje em dia já tenho interesses mais diversificados. G1 – Como foi seu ingresso na carreira acadêmica?

Tausk –
Fui concluindo a graduação e ajuntando o mestrado e o doutorado. No final de 2000, prestei um concurso público para professor, quando tinha de 25 para 26 anos. Com 29 para 30 consegui a livre docência. G1 – O que gosta de pesquisar hoje?

Tausk –
Acabei ficando eclético. Tem gente que pesquisa só um pedaço da matéria e lá é o seu mundo. Isso me enche a paciência. Então, hoje gosto de análise funcional, álgebra, probabilidade, lógica, assuntos relacionados à relatividade... Gosto mais de aprender coisas do que de pesquisar. G1 – Como um estudante do ensino médio pode saber se tem aptidão para matemática?

Tausk –
Em primeiro lugar, para fazer matemática, tem de gostar da matemática. Mas é difícil saber no colégio. Tem gente que gosta de matemática no colégio e não gosta na faculdade. E tem gente que não gosta no colégio, mas pode gostar na faculdade. G1 – Qual o seu conselho para quem quer fazer matemática?

Tausk –
É conhecer a faculdade, ir até a universidade, tirar as dúvidas, conversar com quem já está lá e dar uma olhada no currículo também. Existem mitos no colégio de que quem escolhe matemática vai ter sempre de estar em uma sala de aula. E isso não é verdade. G1 – E quem deve seguir carreira acadêmica?

Tausk –
A carreira acadêmica é para pessoas que não querem ficar ricas e que não gostam de ambiente de empresa, com rigidez de horário, atividades burocráticas, fornecer relatório? Aqui na universidade há liberdade de pesquisa, de pensamento, de horário – exceto com o horário da aula. Não tem também chefe pegando no pé. G1 – Já sofreu algum preconceito por ser tão jovem e já ter o título de livre-docente?

Tausk –
Preconceito, não. Mas sempre tem uma ou outra situação, em reuniões, por exemplo, que me perguntam quem é o meu orientador. Daí eu digo que eu não sou estudante, que já sou professor. G1 – Existe alguma aplicação prática para a sua pesquisa?

Tausk –
Aplicações no mundo real, não. Pelo menos a curto prazo não existem. A longo prazo pode haver aplicações. Mas existem algumas áreas mais aplicadas na matemática, como modelagem para finanças.

Pesquisa realizada no site:
 http://www.universitario.com.br

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