São Paulo - O jornalista e matemático inglês Alex Bellos defendeu a
ideia de que cada população no mundo tem um jeito próprio de fazer
contas matemáticas. Este método muda sob a influência da cultura local,
diz Bellos.
O especialista viajou o mundo durante doze meses para observar
como povos nos Estados Unidos, Índia, Alemanha, França, Japão e algumas
regiões da América Latina usam os números para resolver problemas do
dia a dia, como planejar as contas do mês ou montar uma planilha no
trabalho.
O resultado da viagem contábil é o livro “Alex no país da
matemática”, que o jornalista apresentou ao público da Campus Party.
“Meu objetivo não era escrever somente sobre o mundo abstrato, mas sobre
o mundo real da matemática e seu uso diário”, diz.
De acordo com Alex, não à toa o zero foi inventado na Índia.
“Na cultura local, não ter nada é positivo. É um sinal de pureza. O
símbolo redondo do zero, criado pelos indianos, significa na cultura
deles coisas positivas como céu e infinito”, afirma. Segundo Alex, a
invenção indiana ajudou a forjar o mundo moderno, permitindo que a
matemática se estruturasse de forma mais complexa. Alex diz que a
cultura hindu e a filosofia de que viver bem é estar livre de posses
influenciou fortemente a concepção da ideia de “zero”, que se espalhou
pelo mundo matemático.
O especialista afirmou ainda que o fato da matemática ser
vista como um prazer e uma brincadeira para alguns povos os torna mais
adeptos a avançar mais rápido em pesquisas na área de exatas. Este seria
o caso, por exemplo, do Japão, onde as crianças e adultos brincam com o
ábaco ou soroban, instrumento lúdico para realizar contas. “Para muitas
pessoas, usar um ábaco é uma atividade de lazer tão divertida quando
jogar bola ou fazer cooper”, diz.
Alex disse ainda que povos distintos criam formas gráficas
diferentes de registrar números. Na América Latina, por exemplo, seria
comum marcar o número cinco como um quadrado com um traço transversal
dentro. Já na Europa e Estados Unidos, o mais comum seria desenhar
quatro palitos e, depois, passar um risco transversal sobre eles,
indicando “cinco”. O mesmo número, na Coréia do Sul, seria representado
pelo mesmo ideograma de “correto”, indicando o apreço desse povo por
números inteiros.
O especialista acredita que suas descobertas podem ajudar no
ensino da matemática pelo mundo. Alex defendeu a ideia de que a ciência
exata deve ser apresentada como lúdica e divertida e não como algo
cifrado, difícil e enfadonho.
As análises de Alex incluem ainda experiências com o uso da
matemática por chimpanzés. O pesquisador afirma que os símios são
plenamente capazes de compreender e utilizar números de um a nove, bem
como decorar grandes sequencias numéricas. Os animais, no entanto, não
conseguem compreender o significado de zero.
Pesquisa realizada no site:
http://info.abril.com.br
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