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quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

"McDonaldizar" a Matemática da geração Nintendo?


A matemática na sociedade de informação

  Na sociedade global, em particular na sociedade portuguesa, o preconceito
contra a matemática assume contornos merecedores de reflexão. Ciência morta, onde
tudo está feito, ciência elitista ou imperialista, com exagerado peso selectivo nos
curricula e no ingresso no ensino superior, são alguns epítetos que exornam a sua
imagem.
  Existe uma subavaliação da matemática por parte da opinião pública. Cabe aos
matemáticos a promoção de uma nova relação da sociedade com a sua ciência. A
matemática tem lugar central nos currículos escolares em todo o mundo e, em todo o
mundo, milhares de matemáticos ocupam-se da resolução de problemas extremamente
variados. Milhares de matemáticos e de pedagogos inventam técnicas inovadoras e
novas modalidades de ensino, tentando fomentar o sucesso numa disciplina com
inegável peso no acesso à maioria dos cursos superiores.
  A matemática tem uma presença forte e diversificada na sociedade
contemporânea, jamais igualada ao longo de toda a história da humanidade. Objectos de
uso corrente, como a calculadora de bolso, o computador, o carro, a televisão,
incorporam matemática. Os sistemas biológicos são exemplo de sistemas complexos
cujo domínio se tornou um enorme desafio na segunda metade do século XX, após a
descoberta de mecanismos fundamentais dos seres vivos como a estrutura do DNA.
  Lidar com questões das ciências da vida obriga ao conhecimento e desenvolvimento de
saberes matemáticos. A matemática interactua com disciplinas de um vasto espectro.
  Os sistemas de telecomunicação, com forte impacto nas várias funções da sociedade de
informação, utilizam matemática. O armazenamento de imagens é um problema
candente, no qual, por exemplo, a teoria matemática das onduletas desempenha papel
importante. O Sistema de Posicionamento Global -- GPS-- é outro exemplo de uso de
matemática na vida corrente. A transmissão de informação e as respectivas questões de
segurança (codificação e descodificação de dados), os autómatos, robôs e teoria do
controlo (usados na TV, transportes aéreos, satélites telefónicos ...), a matemática
financeira (utilizada na previsão de risco nas transacções financeiras) ou a estatística
constituem prova da "omnipresença" da matemática na sociedade.

Portugal, iliteracia, competências matemáticas medíocres
 
  A iliteracia em Portugal atinge níveis elevados. Segundo a OCDE, 77 por cento
dos portugueses não sabe ler, analisar ou interpretar um texto simples, como uma
notícia de jornal ou um folheto médico. Dos 20 países analisados, só a Polónia e o Chile
apresentavam números análogos. Cerca de 70 por cento da população portuguesa
encontra-se abaixo dos níveis mínimos para fazer face aos desafios de uma sociedade de
informação e cerca de 41 por cento não sabe sequer preencher um cheque.
  Desconcertantemente, inquiridos sobre este facto, setenta e cinco por cento dos
portugueses considera que a iliteracia não limita as suas oportunidades no trabalho.
  Somos, na Europa, os que mais desistências apresentamos a nível do ensino secundário,
o único país acima dos 50 por cento de abandono. Aos 22 anos, apenas 50 % dos
jovens concluíram o secundário, situando-se todos os países acima dos 60 %. Quarenta
por cento dos jovens entre os 18 e os 24 anos, terminada a escolaridade obrigatória,
abandona os estudos. Na Grécia são apenas 20 % a fazê-lo, e os mais próximos dos
portugueses são os italianos e ingleses, que atingem os 30 %. Apenas pouco mais de 60
% dos jovens portugueses entre os 15 e os 24 anos sabe falar uma língua estrangeira,
contra gregos, italianos e irlandeses que atingem os 70 %, cabendo-nos o último lugar.
  Segundo a Comissão Europeia, somos os piores da Europa em competências
matemáticas: mais fracos que Chipre, com resultados inferiores a Grécia e Espanha,
muito distantes dos melhores: belgas e checos. No sétimo ano de escolaridade, apenas
37 % dos alunos acerta as respostas de matemática! Segundo a ONU e o seu Index de
  Desenvolvimento Humano, Portugal encontra-se atrás da Irlanda, Bornéu e Chipre,
quase ultrapassado pelos Barbados e Coreia do Sul. Os items do Index são: expectativa
de vida, literacia dos adultos, frequência e aproveitamento escolares e PNB "per capita."
Nas Olimpíadas de Matemática e Física situamo-nos entre os últimos classificados.
(Temos o primeiro lugar europeu em atropelamentos mortais e o primeiro lugar mundial
em consumo de alcool.) Os fracos desempenhos dos estudantes portugueses nos cursos
superiores das áreas científicas e tecnológicas suscitam reflexão. O número médio de
anos para concluir certos cursos de engenharia ronda os 10 anos e a percentagem de
estudantes desistentes é muito elevada.

Os vícios do sistema
 
  No nosso sistema de ensino (e talvez não só) há uma espécie de desqualificação
do esforço. Como se todo o ensino tivesse que ser lúdico. Qual é o segredo do menu
McDonald?
  É um menu simples, económico. Assim é o nosso ensino. Simples, económico de
esforço. Ora, encontrar dificuldades e resolvê-las é importante. O insucesso em
matemática (e em Física) deve-se em boa medida à cultura de facilitismo e laxismo que
se instalou no sistema de ensino. Sucessivas reformas, cortes de programa,
ajustamentos, práticas pedagógicas valorizando as rotinas (com o seu valor, mas apenas
uma face da moeda), desvalorizando o processo de abstracção do raciocínio
matemático, redundaram no quadro actual.
  Mas existem outras causas. A escola contemporânea, dita de massas ou
democrática, está programada para tratar de forma absurdamente igualitarista todos os
alunos, independentemente das circunstâncias de cada um, das suas expectativas,
interesses, competências, capacidades. É uma ficção que todos devam e tenham de
aprender o mesmo. As consequências inexoráveis desta ficção são graves.
  Não foram, como alguns pretendem, as ciências da educação (a que chamam
"ocultas"), ou as pedagogias humanizadoras deste século, o Estado ou os políticos, os
únicos responsáveis pelo status quo.
  Temos consciência da existência de alunos que não querem aprender e de
professores pouco motivados para a prática do ensino. Os danos de tais comportamentos
dão um importante contributo para a agudização dos males do nosso ensino.
  Como disse Jacinto Prado Coelho a ensejo do poeta e pedagogo Sebastião da
Gama: "Sem sensibilidade e sem idealismo de poeta não vale a pena ser professor."
Que perfil de aluno queremos?
  Alunos com princípios de cidadania, que trabalham, que se esforçam e que vêm
o mérito justamente premiado.
  Alunos que não sejam "pinóquios replicantes" de estereotipadas receitas
programadas por professores e explicadores para totalistas de provas e exames.
Quer ensino preconizamos?
  Um ensino que fomente a iniciativa, o espírito crítico, a criatividade, a
responsabilidade solidária, um ensino rigoroso, sem concessões facilitistas.
  Um ensino fundado basicamente na transmissão, memorização, reverberação,
favorecedor de passividade social e cultural não se adequa às expectativas dos jovens,
nem às exigências da sociedade.
  Os programas deverão aproximar-se dos dos países evoluídos, e ser
integralmente cumpridos, os livros adoptados não deverão resultar de conluios
corporativos entre os docentes, ou do "marketing" de "lobbies" de editoras agressivas.
Que perfil de professor se deseja?
  Obviamente, professores com elevada competência científica, referência cultural
e moral. Dispensam-se professos do pedagogismo, artistas da palavra, pretensos
multiplicadores de capacidades metacognitivas.
  Em síntese: pretende-se acima de tudo que o aluno deseje aprender e o professor
ensinar, que o aluno preze o mestre e este não seja forçado a adolá-lo para lhe passar a
mensagem.

Os livros de estudo
 
  Por que estão os nossos manuais cheios de desenhos infantilizantes?
Para iludir a dificuldade real e inexorável das matérias?
A matemática é difícil de perceber?
  Só um leigo pode pensar que se consegue ler de relance uma página de
matemática. Mozart lia uma pauta musical de um rasgo? Sim, mas era Mozart! No
mundo, há mentes mais e menos brilhantes. O mais inteligente é aceitar isto sem drama
e com naturalidade.
  A compreensão de uma simples página de matemática é, mesmo para um
profissional experiente, um processo lento e com obstáculos a vencer. Para as novas
gerações tudo aquilo que implica racionalidade ponderada tende a ser suprimido. A
filosofia de um jornal ou revista obedece ao seguinte princípio: "têm de ser coisas muito
rápidas senão as pessoas não lêem". Tudo o que supõe esforço de leitura e atenção
parece condenado. Os demónios da tecnologia fomentam "economia da atenção", prazos
cada vez mais curtos de concentração. Como vamos vencê-los, esses determinismos
tecnológicos?
José Costa Ramos, especialista em sociedade da informação, em entrevista à
revista "Invista", afirma:
  "As novas gerações são dramaticamente diferentes das anteriores, eu diria
biologicamente diferentes ... estão em emergência 'novas' formas de percepção que
sugerem diferentes modos de tratar a informação e assentam numa capacidade de
computação ubíqua. Os tempos de atenção são cada vez mais curtos, como se queixam
os pais das crianças e adolescentes. [...] acho que as pessoas estão a mudar: o
pensamento holístico opõe-se ao cartesianismo, a intuição à dedução, os nossos
computadores pessoais (os do frigorífico, da porta da garagem, do telemóvel, do casaco)
-- todos em rede -- poderão satisfazer sem nos incomodar as nossas necessidades."
  Os árduos caminhos da descoberta matemática requerem reflexão longa, tanto
mais que na apresentação dos resultados são, em geral, eliminados pormenores. Por
vezes, as criações matemáticas custam um labor de séculos. Estabelecido o teorema, a
demonstração processa-se de acordo com o método lógico-dedutivo e é exposta numa
prosa "seca", com saltos "óbvios" e passos "triviais", por vezes, traiçoeiramente óbvios
e triviais. A matemática é avessa ao tédio da prolixidade. A apresentação verbal e
simbólica oculta o processo da descoberta, de acordo com as normas estéticas da
disciplina são omissos os meandros e pormenores do percurso. Assim, ler matemática
obriga a uma laboriosa tarefa de dissecação. Como compatibilizar este preceito com o
deslumbramento do imediatismo da comunicação da era virtual?

A rejeição da matemática
 
  A história da matemática em Portugal é pobre. Não existe entre nós tradição no
campo das ciências exactas.
  Quais as razões da rejeição da matemática? Trata-se de preconceito social,
pesada herança cultural de pais e avós que não gostam de matemática?
  A desmotivação de muitos jovens perante assuntos mais complicados, por vezes
a recusa de toda e qualquer matemática, dão que pensar. Muitos desistem à menor
dificuldade, cedem; a tentação de exigir compreensão imediata é frequente. Há que
lembrar-lhes que, muitas vezes, os conceitos em estudo são o resultado final de séculos
de estudo de inúmeras mentes brilhantes.
  Alguns jovens não têm estratégias. Não entendem os problemas e, se os
entendem, não sabem como atacá-los. Outros sofrem de um tédio invencível.
  Existem pessoas “com inclinação” para a matemática e outras "sem jeito"?
Numa caricatura chocante: por que haveremos de obrigar todos a correr os 100
metros em menos de 5 segundos, incluindo os coxos e os sem pernas?
  Não se sabe por que é que uns têm talento matemático e outros são falhos de
inclinação matemática. São limitações inatas. Há que aceitá-las sem choque ou golpe
para o ego. A criatividade não está uniformemente distribuída.
  Contudo, dentro de certos limites, a matemática pode ser ensinada e aprendida
por todos.
  E convém não esquecer que todos os humanos têm dificuldades e limitações. A
verdade é que existem problemas em aberto durante séculos (como o último Teorema
de Fermat), ou mesmo milénios (como os 3 famosos problemas da antiguidade clássica:
quadratura do círculo, duplicação do cubo, trissecção do ângulo).

O prazer da matemática
 
  No dealbar do século XXI, na era do computador, do virtual, do videojogo, num
mundo cheio de solicitações "fáceis", terão os jovens disponibilidade intelectual para a
Matemática (ou a Física) e seus árduos caminhos? Como fazer com que a geração
Nintendo descubra o prazer da Matemática? Como induzir o gosto pela Matemática a
uma geração obcecada por Playstations e Dreamcasts, saturada de actividades escolares
e circum-escolares, anestesiada pela facilidade da comunicação televisiva? Em termos
claros e pragmaticamente úteis: como persuadir os jovens do fascínio da matemática, o
gosto de voos pelo seu esplendoroso mundo, voos com experiências de descolagem e
de queda, travessias áridas, oásis, etc?
  A transmissão do prazer da Matemática passa pela divulgação da sua história,
das suas gemas, das impressões e vivências de matemáticos, mesmo tendo em conta
que tal labor se resume a idiossincrasias dificilmente partilháveis.
Transmitir o gosto da matemática: o que está em jogo não será uma conversão?
  Como poderá o professor estabelecer um círculo de cumplicidades de modo a suscitar
um culto? Haverá algum argumento decisivo que leve um renitente a gostar de
matemática? Haverá argumentos decisivos para persuadir alguém da beleza de um
livro, de um quadro, de uma música? Como induzir a um amante de metálica ou de rap
o gosto por Chopin ou Bach?
  A comunicação é sempre difícil mesmo entre aqueles que deram o voo para o
lugar onde ela é possível. O como falar com aqueles a quem se pode falar é um
problema sem resolução simples -- a comunicação entre matemáticos de campos
diferentes (senão do mesmo) é muitas vezes problemática.
  Haverá modo de as minhas palavras tocarem outrém, ou tal ocorrência cai no
domínio do improvável? Que palavras mágicas poderemos usar para levar o jovem
aluno a um voo pelo Reino Encantado da Matemática? É possível que muitos se não
deixem convencer. A matemática a um certo nível de elaboração não é para todos.
Como a literatura, a arte, o desporto de alta competição.
  Devemos arriscar tentativas no sentido da sedução dos jovens para a matemática
ou quedarmo-nos a olhar com desencanto os estudos que colocam Portugal entre os
piores no que se refere a competências matemáticas?
  Aprendemos com os ensinamentos dos nossos mestres, alguns de grande riqueza
intelectual e habilidade pedagógica. Alguns dos nossos mestres conseguiram
transmitir-nos algumas das suas estratégias e atitudes. Como transmitimos nós a arte da
descoberta e a capacidade de inventar?
  Este é o problema que dia a dia nos desafia e para o qual vamos encontrando
respostas por tentativas e aproximações.

Que Escola para a geração Nintendo
 
  A geração Nintendo dá grande importância às roupas de marca, revela
desinteresse por matérias árduas como a Matemática (ou a Física) com a sua
parafernália de técnicas e símbolos, sente uma revolta difusa contra o dia a dia
esforçado, tem grande apetência por bens materiais, a tal ponto que o furto de
telemóveis, relógios, automóveis ... é uma realidade. (É fácil roubar. Os faltosos
raramente são condenados. O crime quase sempre compensa.) Os humildes
trabalhadores jamais são heróis. Para quê trabalhar, estudar com afinco, ser honesto?
  As grandes referências da actualidade são os heróis (quase sempre ociosos) dos filmes e
telenovelas, os colunáveis do jet set e as formas de vida fácil do mundo vip.
  A delinquência juvenil, protagonizada individualmente, em pequenos grupos ou
em grandes acções colectivas (tipo gang do Carrefour) tem razões socioeconómicas,
ocorrendo também a transgressão pela transgressão, furto pelo furto, violência pela
violência. Em Portugal, a violência na Escola, sem a visibilidade que tem nos USA ou
França onde há alunos e professores assassinados por estudantes, tem vindo a aumentar.
  Pensar que a Escola nos conduziria a níveis progressivamente superiores de
desenvolvimento civilizacional revelou-se um logro.
  A diminuição do prestígio social da classe docente, a permissividade excessiva, o
facilitismo e o laxismo, a ausência de uma legislação que torne mais célere os processos
disciplinares são traços da época, como o são as ganzas e mórfes, o alcoolismo e as
moifadas.
  O sistema de ensino tem-se revelado incapaz de lidar com o cadinho de culturas
e de extractos sociais que comporta. A realidade da sociedade reflecte-se na Escola. A
desestruturação familiar propicia a que aqueles que cresceram no meio da avaria geral
do sistema primário de enquadramento, transporte para a Escola essa experiência e que
esta ali se repita. Os jovens oriúndos de agregados em que a relação afectiva não existe,
a ausência das famílias do universo escolar, quando não do próprio universo dos
adolescentes, obriga à existência de metodologias diferenciadas, com equipas de
psicólogos, assistentes sociais e sociólogos coadjuvando os professores. Urge uma
intervenção a diferentes níveis, evitar que os jovens se percam em guetos, criar espaços
de integração, associações, clubes, campos de jogos, desenvolver sistemas de valores e
valorização dos princípios de vida colectiva. E deverá tudo isto ser missão da Escola?
  A missão primeira da Escola é ensinar, formar cidadãos cultos, ciosos do prazer
de saber, com espírito crítico, capazes de responder aos desafios da vida e da sociedade.
  Deverá a Escola abandonar a miragem de tentar resolver os problemas sociais que a
família e a sociedade não resolvem?
  Em nome de uma falsa ideia de "integração," a Escola tolera o abuso e a inversão
de hierarquias, correndo o risco de agravar os problemas que pretende resolver. A
Escola deve fomentar uma cultura de exigência, de rigor, de responsabilidade; tem o
dever de ter regras e de se fazer respeitar. E de ser uma referência, jamais alinhando
com a impunidade.
  A Escola tem que mudar. Há que inverter a patética marginalidade dos
portugueses em relação a aspectos fundamentais da contemporaneidade (como o baixo
índice da compra de jornais, de leitura, de audiência de programas culturais).

Matemática: que futuro em Portugal
 
No final do século XX, a produção anual de artigos de investigação matemática
atingiu a marca dos 60.000, enquanto que em 1950 rondava os 5.000. Actualmente, o
número de matemáticos activos na investigação cifra-se nos 50.000. Em Portugal, o
número de matemáticos cresceu grandemente durante as últimas décadas, devido
sobretudo à pulverização de universidades, politécnicos, ESES..
  A matemática é uma ciência viva que detém um grande potencial de criatividade.
  A história da matemática é uma das mais extraordinárias histórias do sucesso da
aventura humana. Portugal não pode resignar-se ao seu lugar entre os últimos. Há que
renegar energicamente as teses de ausência de vocação abstracta nos portugueses. Há
que promover socialmente a imagem da matemática. Jovens altamente vocacionados
para esta ciência, optam afinal por cursar medicina motivados pelo status da profissão.
  O futuro da matemática está nas mãos dos jovens que a nossa geração for capaz
de atrair. Mas que futuro tem um matemático em Portugal? Estará o nosso país a
oferecer uma formação de excelência neste campo? Poderemos equiparar a nossa
realidade a nível de ensino superior e pós-graduação à das grandes universidades
estrangeiras?
  Cremos que fomentar o contacto dos nossos futuros matemáticos com os
grandes centros internacionais trará consideráveis progressos. Ao longo da nossa
história, os nossos maiores matemáticos "estrangeiraram-se." Pedro Nunes (séc.XVI)
em Salamanca, Álvaro Tomaz e Francisco de Mello (séc. XV-XVI) em Paris, Anastácio
da Cunha (séc. XVIII) em Valença do Minho (com os estrangeiros "iluminados" que lá
se encontravam).
  Está nas nossas mãos criar uma tradição de cultivo das ciências exactas em
Portugal. Para vencer a marginalidade portuguesa neste campo (confirmada pelas
estatísticas) há que pensar e agir.

NATÁLIA BEBIANO DA PROVIDÊNCIA
Departamento de Matemática,
Universidade de Coimbra

JOÃO DA PROVIDÊNCIA JR.

Departamento de Física,
Universidade de Coimbra


Pesquisa realizada no site:
http://www.ipv.pt/millenium/Millenium24/10.pdf

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