A
matemática pode desvendar riscos desconhecidos na saúde. Um projecto de
investigação da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (FCUP)
conseguiu já demonstrar que uma análise da pressão sistólica de um
diabético pode prevenir complicações graves decorrentes da doença. Mas
são vários os campos de aplicação que este grupo procura delinear,
usando uma disciplina normalmente tida como abstracta e ausente da vida
real para pôr a descoberto informação sobre o sistema nervoso autónomo.
De acordo com Ana Paula Rocha, que lidera esta equipa da FCUP, os
investigadores partem dos sinais cardiovasculares e usam a matemática
para descobrir, através da análise desses parâmetros, os perigos
escondidos. O objectivo é determinar um perfil para os grupos de risco
para um variado número de doenças, antes que os sintomas clínicos
apareçam.
Este é o caso do estudo que envolveu doentes com
deficiência na produção de insulina. O trabalho sobre a diabetes
permitiu verificar que existem indícios fortes que uma análise da
pressão arterial sistólica pode ajudar a uma detecção precoce de
disfunções autonómicas, complicações graves e altamente incapacitantes
decorrentes da patologia. O grupo de doentes investigado continua a ser
seguido, já que se detectarem alterações, ainda sem sintomas clínicos. A
demonstrar a eficácia da análise desse sinal vital, será possível ao
clínico que acompanha o paciente actuar atempadamente, medicando-o de
forma a estacionar a doença. É que, quanto mais precoce for sinalizado o
doente, menos riscos ele corre devido às disfunções autonómicas.
Esta equipa partiu do desenvolvimento de metodologias para análise
dos dados e construiu um software que permite registar os sinais em
bases de dados. O primeiro passo foi trabalhar na detecção e
delineamento do sinal. Além do processamento de electrocardiogramas e da
tensão arterial, os investigadores usam a função respiratória. Sinais
que são "uma janela para o sistema nervoso autónomo" e que podem
indiciar precocemente situações patológicas.
Os trabalhos
envolvem, por exemplo, a frequência cardíaca em fetos, onde a
variabilidade é um bom indício da saúde do bebé ainda por nascer. Para
determinar também as situações em que ocorre a anoxia (falta de
oxigénio, por exemplo, o cordão umbilical se ter enrolado à volta do
pescoço), os investigadores recorrem a modelos animais. Outro projecto
procura determinar a coordenação interna do batimento cardíaco,
relacionando a velocidade com a duração do período. O objectivo é assim
determinar se existem padrões e se diferenças verificadas são sinal de
situações patológicas, ainda por sinalizar.
elsa costa e silva04 Abril 2005
Pesquisa realizada no site:
http://www.dn.pt/inicio/interior.aspx?content_id=614577
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