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sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Matemática:Ensino,Mitos e Religião

A matemática não é certamente o único exemplo de ensino dissociado. Mas esta dissociação tem levado as pessoas a um horror muito grande de tudo aquilo que elas identifiquem como matemática. Assim, pessoas muito inteligentes assumem uma posição passiva frente a esta "incompetência adquirida", não raro desenvolvendo auto-avaliações bem ruins. A matemática, que historicamente sempre esteve na interseção dos conhecimentos científicos, é o principal agente da colcha de retalhos em que se transformou a produção de conhecimento científico e sua consequente escolarização. Na escola, maus alunos em matemática, automaticamente se tornarão maus alunos em física e química e via de regra, excelentes em português e história. Parece que está escrito, parece que tem de ser assim.
Esta falsa incapacidade tem gerado um medo de aprender matemática, limitando a vida das pessoas, que se vêem como incapazes, de maneira determinista.
A matemática já de muito tempo é utilizada como forma de selecionar pessoas. Os mais capazes, diz a escola, sabem matemática. Os pais, por sua vez, reforçam esta tese ao premiar boas notas em matemática, independentemente de suas notas em história e português, por exemplo. Alunos que não sabem matemática acham-se burros e desenvolvem perda de auto-estima, que irá acompanhá-los - em muitos casos - por toda a sua vida.
Mas, o sonho da matematização do mundo é possível ? Tudo pode ser matematizado ? A matemática pode explicar tudo ? Todos os fenômenos físicos ? E o que dizer das emoções, sentimentos, raiva, amor, sonhos, ciúmes, inveja, desejos, saudade são matematizáveis ? E a sociedade ? A literatura, a política, a história das civilizações ? Pode-se equacionar ?
Precisa-se questionar estes aspectos da vida social, das emoções. Os pitagóricos queriam relacionar matemática com frieza, mas quando reduziam tudo a números, na realidade queriam reduzir a vida a um mero jogo de códigos, regulamentos, a uma vida estandartizada.
MATEMÁTICA E RELIGIÃO


A aura da matemática como uma ciência esotérica, para poucos iniciados, permanece até hoje. Continua-se a ensinar matemática como uma ciência à parte, hermética, desligada da realidade, ou melhor acima dela. É a visão de uma matemática perfeita, organizada, harmoniosa e sem contradições, como se não fosse humana, porque imperfeita, e sim divina.
Os alunos, humanos que são, naturalmente à primeira dificuldade, recuam frente à perfeição, e recolhem-se à sua insignificância. Está deflagrado o processo!
Em realidade, as religiões, assim como a matemática expressam visões de mundo que procuram explicar as relações entre o homem e o universo. Cada religião estabelece práticas que visam atingir um ideal de vida humana e uma teologia que manifesta a natureza de Deus e sua relação com os homens. A matemática também procura um conhecimento ideal e investiga a sua relação com o mundo. Neste sentido, tem alguma coisa em comum com a religião. Se os objetos da matemática são objetos conceituais e identificarmos como os idealistas que a realidade destes objetos está encerrada na consciência do sujeitos, então ao compartilharmos estes conceitos teremos lançado as bases da crença matemática.
A diferença é que enquanto teólogos divergem sobre os dogmas e sobre suas consequências, parece que no campo matemático reina a mais absoluta paz entre seus adeptos. Será a matemática uma forma de religião ?
                     
                                                                                               Autor:Armando Maia
Pesquisa realizada no site:
revista alquimia digital
http://aquimia.vilabol.uol.com.br/matematica/page5.html

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